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2021

CEFET-MG

Proposta cria biofilme comestível para conservação de alimentos

Quinta-feira, 17 de março de 2022
Última modificação: Terça-feira, 29 de março de 2022

Bianca Gomes, técnica em Controle Ambiental pelo campus Contagem do CEFET-MG, conta que durante o período de isolamento social, por conta da covid-19, começou a reparar nos hábitos de sua casa: “Percebi que para conservar os alimentos por mais tempo, meus familiares usam muito o plástico filme”. Sarah Ivini, também técnica em Controle Ambiental, explica que esse uso gera muito lixo e, assim, ela e sua colega buscaram “um ‘plástico’ que fosse eficaz na conservação de alimentos e biodegradável, como uma maneira de diminuir o impacto no meio ambiente”. Assim surgiu o projeto “Biofilme comestível de amido de milho: substituto de plásticos na conservação de alimentos”, desenvolvido pelas alunas sob orientação do professor Fagner Ferreira.

A criação de biofilmes comestíveis não é inédita: já há pesquisas que utilizam materiais criados a partir de polpas de frutas e de glicerídeos. O que as alunas propõem é uma mistura de amido de milho, gelatina sem sabor e água, por serem ingredientes mais acessíveis e com menor preço. “Foram realizadas várias pesquisas antes de decidirmos quais seriam os ingredientes utilizados para a produção do biofilme”, explica Sarah. “O amido de milho foi escolhido porque, além de ser de fácil acesso, ele apresenta propriedades e características que foram consideradas ganhos para a nossa pesquisa”.

Para conferir a eficácia do biofilme, as estudantes e o professor usaram abóbora moranga, laranja, morango, maçã e pepino aodai. Os alimentos foram envoltos no biofilme e expostos ao ar livre, em temperatura ambiente. Eles também compararam com alimentos sem a aplicação do biofilme. Ao longo de sete dias foram observadas e registradas as alterações no estado dos alimentos. O que eles perceberam ao final foi uma eficácia do biofilme de amido de milho. No terceiro dia de observação, 60% dos alimentos sem biofilme apresentaram alterações visíveis a olho nu, como sinais de desidratação e contaminação por microrganismos. Os alimentos envoltos pela camada de biofilme se mantiveram conservados por um período maior, até o sexto e sétimo dias. Bianca conta que algumas questões sobre o biofilme ainda precisam ser observadas, pois as experiências foram feitas em curto período e durante a pandemia, então, sem acesso ao laboratório. “Mesmo assim, os resultados foram bastantes satisfatórios, podendo comprovar que, com o biofilme de amido de milho, os alimentos se conservam por um período maior do que o normal”, comemora. “Além disso, foi possível comprovar que o biofilme não altera o sabor dos alimentos”.

Sarah Ivini vê, por enquanto, dificuldades para adoção de um material como esse pelas grandes empresas ou indústrias, mas aponta que essa pode ser uma solução ideal para utilização caseira ou em sacolões, mercados e pequenos estabelecimentos comerciais. “Acredito que a pesquisa é importante porque mesmo em pequena escala ela trabalha para diminuir a utilização de plástico e produção de lixo, ambos grandes responsáveis por muitos impactos ambientais”, pontua a estudante. Ela destaca que a pesquisa usa de soluções simples para resolver problemas grandes. “Eu mesma, se não pesquisasse a respeito, nunca imaginaria que gelatina e amido de milho, ingredientes que normalmente temos em casa, poderiam ter propriedades para substituir o plástico”.

A pesquisa foi apresentada na última edição da Mostra Específica de Trabalhos e Aplicações do CEFET-MG (META). Mais detalhes sobre o projeto podem ser conferidos em vídeo.

Coordenação de Jornalismo e Conteúdo – SECOM/CEFET-MG